Investigador apontado por integrar grupo de extermínio é condenado à prisão 28 anos após morte de jovem em SP
26/11/2024
Pedro Moretti Júnior foi condenado a 20 anos de reclusão e foi acusado de matar a tiros Enoch de Oliveira Moura durante abordagem policial em Ribeirão Preto (SP). Investigador aposentado é condenado a 20 anos por homicídio de jovem em Ribeirão Preto
O investigador aposentado Pedro Moretti Júnior foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado pela morte do jovem Enoch de Oliveira Moura, de 18 anos, durante uma abordagem policial em 1996 em Ribeirão Preto (SP).
A condenação por homicídio doloso ocorreu durante júri popular realizado na terça-feira (25) no fórum da cicade, 28 anos depois do crime na zona norte, onde também foi morto a tiros o adolescente Anderson Luís Souza, de 15 anos.
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Pedro Moretti Junior, à esquerda, foi condenado por morte de Enoch de Oliveira, em 1996
Reprodução/EPTV
Moretti Júnior é apontado por integrar um grupo de extermínio que atuou no município principalmente nos anos 1990 e que era chefiado, segundo as autoridades, por Ricardo José Guimarães, preso e condenado por vários crimes, entre eles pela morte de Anderson e Enoch.
Procurado, o advogado de defesa do réu disse que já recorreu da decisão.
Anderson e Enoch foram mortos a tiros em maio de 1996, em frente a um bar no Parque Avelino Palma, em Ribeirão Preto. Segundo a versão dos policiais na época, eles eram suspeitos de ameaçar uma pessoa de morte dentro de um estabelecimento no bairro, teriam resistido à prisão e foram baleados durante troca de tiros.
Mas a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo encontrou evidências de execução, já que as vítimas foram atingidas por 18 tiros, e denunciou Ricardo José Guimarães, além de dois investigadores, entre eles Pedro Moretti Júnior, e um delegado. Em 2017, Guimarães foi condenado a 72 anos de prisão pelo crime, pena posteriormente reduzida para 51 anos.
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Inquérito sobre morte de jovens durante abordagem policial em 1996 em Ribeirão Preto
ArquivoEP
Dos outros policiais envolvidos na ação, um morreu, outro foi absolvido e Moretti Júnior foi acusado pela Promotoria de Justiça especificamente como autor dos disparos que mataram Enock e por não oferecer chance de defesa a ele.
Segundo o Ministério Público, os policiais, que faziam parte de um grupo de patrulhamento preventivo na cidade, atiraram contra os jovens mesmo sem enfrentarem nenhum tipo de resistência. As vítimas foram atingidas em principalmente nas costas, no peito e na cabeça.
"Nunca se tratou de um auto de resistência, não poderia ter sido lavrado um auto de resistência seguido de morte, o caso realmente era de prender na época já os réus por homicídio qualificado. (...) Eram meninos de periferia que naquela oportunidade pelo que a prova indica estavam cheirando cola, a viatura chegou abruptamente, houve uma abordagem repentina, os meninos correram e eles atiraram pelas costas dos meninos", afirma o promotor Marcus Túlio Nicolino.
De acordo com a Promotoria, a investigação do tiroteio em si também foi marcada por documentos falsos emitidos por peritos na tentativa de tentar demonstrar que os jovens estavam armados e teriam atirado nos policiais.
"Falsas perícias, que foram feitas nesse processo, exame residuográfico falso, exame de local dos fatos falso, exame da viatura falso, as testemunhas que não foram ouvidas na época do crime depois foram ouvidas e confirmaram que houve uma execução e que não foi uma resistência seguida de morte."
Após o júri, encerrado no fim da noite, o investigador Moretti Júnior foi levado para o presídio da Polícia Civil em São Paulo.
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