Representante comercial que descobriu câncer de próstata graças à esposa revela luta contra doença
28/11/2024
João Filippin, de Ribeirão Preto (SP), recebeu diagnóstico aos 59 anos e passou por quase cinco anos de tratamento. Apoio da família foi essencial para cura. Aos 76 anos representante comercial de Ribeirão Preto lembra luta contra o câncer de próstata
Arquivo Pessoal
O diagnóstico de câncer de próstata do representante comercial João Filippin, de Ribeirão Preto (SP), veio em 2007, aos 59 anos. Apesar de ele já realizar exames com o urologista anualmente à época, foi após a mulher pedir que fizesse outra avaliação médica que a doença foi confirmada.
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Hoje com 76 anos, Filippin lembra que estava no período de um ano entre uma consulta e outra quando Neusa, que se examinava com uma reumatologista de confiança, pediu para que a médica passasse o exame de PSA, sigla em inglês para antígeno específico da próstata, para o marido.
O PSA é uma enzima medida no sangue. Quando ela passa de um certo limite estabelecido pelos especialistas, pode indicar algo de errado na glândula masculina, a próstata.
"Foi quando eu descobri. Estava 6,1 que eu me lembro [o ideal para a idade dele, na época, era de até 3,5 ng/ml]. Eu fui ao médico, ele pediu uma biópsia, marcou o dia para fazer, e foi quando constatou o câncer de próstata", conta.
O médico oncologista Carlos Fruet, da Oncoclínicas, de Ribeirão Preto, é quem cuida do Filippin atualmente. Em entrevista ao g1, ele contou quais os números ideais para cada faixa de idade dos homens. Veja abaixo:
Até aos 50 anos: até 2,5 ng/ml
Entre os 50 e os 60 anos: até 3,5 ng/ml
Entre os 60 e os 70 anos: até 4,5 ng/ml
Acima de 70 anos: até 6,5 ng/ml
A partir do resultado do PSA e da biópsia, o dignóstico do representante comercial foi fechado e ele passou por uma cirurgia em janeiro de 2008 para a retirada do tumor.
Mas o problema de saúde que parecia estar resolvido, teve novos capítulos anos depois.
Novas alterações
Em 2010, em uma das consultas periódicas do representante comercial ao urologista, o exame de PSA voltou a apresentar alterações. Foi quando o tratamento com medicamentos e radioterapia começou.
Filippin lembra que esse foi um momento muito complicado, porque ele acreditava que tinha vencido a doença de forma definitiva. Apesar do novo susto, os médicos e a família o ajudaram a manter a esperança de cura.
"Eles me tiraram de uma crise muito forte. Eu tinha entrado em uma crise violenta, estava entrando em depressão. Meu médico na época, o Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro, foi médico, foi pai, foi psicólogo, foi um verdadeiro amigo e me tranquilizou muito".
Após um certo tempo com os medicamentos que tomava de forma regular, o representante comercial começou a apresentar inchaço nos braços e o médico responsável na época decidiu parar os remédios, já que ele não apresentava mais nenhum alteração relacionada ao PSA.
João Fillipin com a mulher, Neuza Maria Romero Filippin: ele recebeu diagnóstico do câncer de próstata com 56 anos
Arquivo Pessoal
Depois de quase três anos tomando as medicações de maneira regular, João ficou por quase dois tomar nenhuma medicação. No entanto, as consultas, feitas de seis em seis meses, apresentaram mais uma surpresa.
"O médico me colocou em uma sala separada, ele ficou me olhando e falou 'filho, eu quero te dizer que o seu PSA está 21'. Eu lembro que perguntei como, mas ele explicou que tinha subido e que era preciso manter a calma e não apavorar".
Dessa vez, Fillipin foi submetido a uma radioterapia localizada e voltou a tomar os remédios. O acompanhamento seguiu com consultas de seis em seis meses, e o nível de PSA não sofreu mais nenhum alteração. Há quase dois anos, ele voltou a viver sem ter que tomar nenhuma medicação.
Fé e positividade
Apesar de altos e baixos durante anos de tratamento, consultas e medicações, o representante comercial lembra que nunca deixou de ter fé de que sobreviveria ao câncer de próstata.
"Foi um choque muito grande, é algo inesperado, quando se trata do nome dessa doença, o câncer de próstata. Eu já tive amigo meu que morreu com essa doença, é uma morte terrível. Fiquei muito abalado, porque nunca ninguém da família teve isso, mas eu sempre fui uma pessoa de muita fé, tenho Deus no coração".
O representante comercial, João Filippin de Ribeirão Preto, com os seus cinco netos
Arquivo Pessoal
Susto mesmo foi para a mulher, Neuza Maria Romero Fillipin, e as três filhas. Filippin conta que uma delas sofreu muito e ele, como pai, também, já que não podia acabar com a preocupação da família.
Atualmente, com os cinco netos que vieram para complementar a família e a rede de apoio, o representante conta que está bem e viver é o maior presente que poderia receber de todas as orações que fez durante esse período.
"Nunca deixe de fazer o exame, porque é fatal essa doença. É uma doença silenciosa, aparece e você não percebe. Eu não sentia nada, foi a partir dos exames, do exame de toque e da biópsia que veio o resultado".
Consultas de rotina e prevenção
De acordo com o oncologista Carlos Fruet, atualmente os exames devem seguir orientação para começar as consultas de rotina e prevenção:
Todos os homens: a partir de 50 anos
Homens com histórico familiar da doença: a partir dos 45 anos
Homens negros : a partir dos 45 anos, já que apresentam maior risco, de acordo com a medicina, de apresentar a doença
"O importante é que os pacientes devem fazer o exame do PSA, que é o exame de sangue, e o toque retal, que são os dois principais exames preventivos do câncer".
Os exames preventivos são essenciais para detectar o câncer de próstata
Getty Images via BBC
O médico lembra que, com o diagnóstico precoce, a chance de cura pode chegar -- e até ultrapassar -- 90%. É por isso que os exames tem de ser realizados de maneira periódica, para que o paciente seja tratado o mais breve possível.
Apesar do exame de toque ainda ser um tabu entre os homens, o oncologista alerta para a importância da desmistificação desse procedimento.
"Em média são 70, 72 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil por ano. Isso reflete a gravidade da doença e, por isso, campanhas como a do Novembro Azul são tão importantes para a população".
*Sob a supervisão de Flávia Santucci
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